Tempo, objeto, mercadoria
Tempo, objeto, mercadoria.
IMAGINEMOS UM OBJETO ALÉM DE SUA constituição material como o registro ou o armazenamento, em alguma medida constante temporalmente, de todos os processos que ocorrem no tempo que foi necessário para sua produção. Quando Robert Morris registrou o som da produção de um objeto e o incorporou a ele, limitou-se aos rastros sonoros da construção de um caixote de madeira (Box with the Sound of Its Own Making, 1961). Mas é claro que o tempo que alguém levou para aprender as atividades necessárias para a construção também faz parte do tempo total cristalizado no objeto. Um objeto “contém”, portanto, não apenas o tempo necessário para sua construção, mas também o tempo necessário para a construção do construtor e, mais exatamente, também o tempo necessário para a construção das instituições que construíram o construtor, naturalmente referido apenas como parte no montante de tempo que o construtor necessitou para esse objeto e em relação com todo o tempo restante que ele levou para aplicar o que aprendeu em outro lugar e de outro modo. Nós nos limitamos aqui ao tempo que os humanos gastaram com material – e é claro que também o material tem seu tempo histórico e geológico, biológico e cósmico. Mas para nós se trata do tempo que pode ser valorado, e esse tempo é tempo de trabalho.